quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Ser da Esfinge


A resolução do enigma da Esfinge é o que faz de Édipo rei de Tebas e marido de Jocasta. Pois ele livra o povo de Tebas do tributo exigido pela “cruel cantora” de sacrificar a ela jovens tebanos que não conseguiam decifrar seu enigma. Édipo decifra e a Esfinge se mata.

Quem é a Esfinge?

A Esfinge, descrita por Sófocles em Édipo Rei, é um ser de composição heteróclita: cara e seios de mulher-menina, corpo de cadela, garras de leão de unhas curvas, asas de pássaro que coloca seu enigma cantando. É uma cadela cantora e virgem.
Autor/ fonte: Ingres.







A Esfinge é um ser violento, meio animal, meio humano que encarna com seu ser-de-metade o semi-dizer da verdade, cujo enigma deve ser decifrado. É um ser de gozo devorador. É um ser da verdade cruel que não deixa o sujeito até que ele a decifre.

Autor/ fonte: desconhecido.






"Decifra-me ou te devoro!"

Autor/ fonte: Fernand Khnopff.


A Esfinge foi enviada por Hera contra Tebas para punir a cidade pelo crime de Laio que raptou Crísipo, por quem se apaixonara, da casa de seu pai Pélops. (este havia acolhido Laio, bebê, em sua casa e seu reino, que fora levado foragido de Tebas quando tiranos tomaram o trono e mataram seu pai, Lábdaco).
Segundo uma outra versão – a de Pausânias – a Esfinge é filha bastarda de Laio, e seu papel é por à prova todos os filhos do soberano para distinguir os nothói (os monstros) dos gnésio (os bem-nascidos). Cf. J.P.Vernant , “O tirano coxo: de Édipo a Periandro”, Mito e tragédia na Grécia Antiga, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1995, p. 185.

Autor/ fonte: La granja de San Ildefonso.


Personificação da desmedida de Laios, a Esfinge é a presença do gozo paterno e sua punição: o crime de Laio e a maldição herdada, sobre os quais Édipo não quer saber.


Autor/ fonte: Esfinge de Botero.








Ela é híbrida - termo que remete à hybris, a desmedida. Ela é um ser feroz e desmedido que não hesita em matar os que não decifram seu enigma. Esfinge é um monstro da terra semelhante às sereias, monstros do mar, que levavam com seu canto os marinheiros à desgraça e à morte. A Esfinge se mata quando Óidipous decifra seu enigma. Mas a calamidade que ela representa retorna, anos depois, em Tebas, sob a forma da peste.

Autor/ fonte: estátua grega (museu de Atenas).



"Quando de peste eu me esfingir, tua prole já terá nascido e crescido e teu reino terá conhecido uma década de prosperidade" (a Esfinge em Óidipous, filho de Laios).








Autor/ fonte: Gustave Moreau.

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